cover
Tocando Agora:

Espancamento por R$ 22 em perseguição ao sair de bar: entenda caso da mulher trans morta em BH após agressão

Polícia identifica homens que agrediram e provocaram a morte de Alice Martins Uma mulher trans morreu no último domingo (9) depois de ficar internada em um ho...

Espancamento por R$ 22 em perseguição ao sair de bar: entenda caso da mulher trans morta em BH após agressão
Espancamento por R$ 22 em perseguição ao sair de bar: entenda caso da mulher trans morta em BH após agressão (Foto: Reprodução)

Polícia identifica homens que agrediram e provocaram a morte de Alice Martins Uma mulher trans morreu no último domingo (9) depois de ficar internada em um hospital de Belo Horizonte para tratar complicações das agressões que sofreu de um desconhecido. Alice Martins Alves, de 33 anos, foi espancada na madrugada de 23 de outubro, na Savassi, Região Centro-Sul da capital. Segundo a Polícia Civil, as agressões foram tão intensas que geraram complicações de saúde e Alice acabou morrendo. Os autores do espancamento seriam funcionários de um bar e teriam cometido o crime devido a um desacordo sobre o pagamento da conta. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MG no WhatsApp Entenda, abaixo, o caso de Alice Martins Alves: O que aconteceu? O que diz a polícia? Qual a causa da morte? O que diz a família da vítima? Quem são os suspeitos? O que aconteceu? Alice Martins Alves, de 33 anos, foi espancada na madrugada de 23 de outubro, ao sair de um bar na Savassi, na Região Centro-Sul da capital. Ela faleceu no último domingo (9), depois de ficar internada em um hospital de Belo Horizonte para tratar complicações das agressões que sofreu. Segundo o boletim de ocorrência, a vítima saiu do estabelecimento em direção à Avenida Getúlio Vargas, quando foi atacada pelo suspeito. Ele estava acompanhado de outros dois homens, que riram da agressão. De acordo com a Polícia Civil, Alice tinha o hábito de frequentar esse bar e conhecia as pessoas do local. A vítima relatou à polícia que não saía havia muito tempo e tinha sido incentivada pela família a se divertir um pouco. No dia do crime, ela foi sozinha ao bar e ficou por um tempo bebendo. Ela se levantou, foi embora e se esqueceu de pagar a conta de R$ 22. Por isso, foi perseguida e espancada por dois funcionários, segundo a polícia. A Polícia Civil informou que Alice só não morreu no local do crime porque um motociclista passou no momento e interveio. Ele teria sido ameaçado pelos agressores, mas permaneceu, tentando proteger Alice e acionou o Serviço Móvel de Urgência (Samu). Alice Martins Alves Arquivo pessoal O que diz a polícia? Ainda de acordo com as investigações, é comum neste bar alguns clientes se esquecerem de pagar e retornarem depois para quitar o débito. A polícia investiga se as agressões foram mais intensas pelo fato de Alice ser uma mulher trans. Caso isso seja confirmado, o caso será tratado também como transfobia. De acordo com a Polícia Civil, até o momento, não há nada que comprove a participação de um terceiro funcionário nas agressões. Em nota, a instituição informou que o caso é investigado como feminicídio pelo Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídios (Neif) do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). ✅Mande sua denúncia, reclamação ou sugestão para o g1 Minas e os telejornais da TV Globo Qual a causa da morte? Ainda conforme o registro policial, Alice desmaiou e foi socorrida por pessoas no local. Ela sofreu fraturas nas costelas, desvio de septo nasal e perfuração no intestino. O Samu encaminhou Alice à UPA, onde ela teve alta no mesmo dia, 23 de outubro. Ela foi para casa sentindo fortes dores. No dia 26, foi submetida a vários exames em um hospital particular de Contagem, na Grande BH. Foram constatadas lesões gravíssimas, como quebra de costelas. No dia 5 de novembro, Alice procurou uma delegacia e registrou a ocorrência. Ela foi encaminhada ao Instituto Médico Legal, onde foi submetida a um exame de corpo de delito. A vítima retornou para casa, mas seu estado de saúde piorou e ela já não conseguia se alimentar. Alice perdeu 12 quilos desde o dia das agressões até a data da morte. No dia 8 de novembro, ela foi internada novamente, desta vez em Betim, na Grande BH. Os médicos descobriram uma perfuração no intestino causada pelas agressões. Já no dia 9, o estado de saúde se agravou e Alice acabou morrendo devido a um choque séptico. De acordo com a Polícia Civil, o corpo de Alice não foi encaminhado ao IML para necrópsia após a morte porque em vida ela já havia sido submetida a um exame de corpo de delito que comprova as lesões provocadas pela agressão. O que diz a família da vítima? A irmã de Alice, a fotógrafa Gabrielle Martins, chama a atenção para a realidade de pessoas LGBTQIA+ no Brasil, país que mais mata pessoas trans no mundo. Segundo Gabrielle, existe um problema grave de exclusão e marginalização de corpos trans. A fotógrafa afirmou ao g1 que, além da violência que Alice sofreu, ainda existe a negligência da sociedade e do poder público dentro do contexto social em que a irmã vivia. "A sociedade matou a Alice, a negligência matou a Alice e o estado deveria proteger. Alice merecia a vida, merece a vida como qualquer ser humano. Eu não aceito a negligência, nem o silêncio de quem deveria proteger. A omissão da sociedade matou a Alice, o descaso médico, o descaso civil. Corpos trans importam, vida de mulheres importam", disse Gabrielle. Alice Martins Alves Arquivo pessoal Quem são os suspeitos? Os delegados responsáveis pelo caso informaram que, além da identificação dos suspeitos, medidas cautelares já foram tomadas. Não foi possível divulgar quais são por uma questão de segurança. Após a polícia divulgar que Alice foi perseguida e espancada por funcionários, a lanchonete Rei do Pastel, que fica na Savassi, publicou nota afirmando que a administração do local se colocou à disposição das autoridades e que aguarda a "apuração dos fatos e a devida culpabilidade dos envolvidos" (veja nota abaixo na íntegra). O que diz a lanchonete Rei do Pastel "Tendo em vista o crime ocorrido na Savassi que levou à morte de Alice Martins Alves, esclarecemos que desde o início das investigações, nos colocamos a disposição das autoridades competentes, auxiliando com todos os dados que nos foram solicitados. Várias versões e vertentes estão sendo divulgadas na mídia e principalmente nas redes sociais, sem as devidas apurações e efetivas comprovações. Estamos aguardando e confiantes no trabalho sério e eficiente que vem sendo executado pela polícia, com a certeza da correta apuração dos fatos e a devida culpabilidade dos envolvidos. Ressaltamos a nossa solidariedade incondicional aos familiares e amigos da Alice, e destacamos que não compactuamos, em hipótese alguma, com ações discriminatórias referente à identidade de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer outra natureza. Carregamos em nosso DNA uma cultura de bem servir com produtos de qualidade e cuidado com nossos clientes, sempre prezando por um ambiente de harmonia." Vídeos mais vistos no g1 Minas:

Fale Conosco