cover
Tocando Agora:

Entenda o que é mobilização comunitária e como você pode se tornar um cidadão atuante

A arquiteta e professora universitária Viviane Zerlotini da Silva, durante uma assessoria técnica para lideranças comunitárias em BH. Bruno Timóteo/Divulga...

Entenda o que é mobilização comunitária e como você pode se tornar um cidadão atuante
Entenda o que é mobilização comunitária e como você pode se tornar um cidadão atuante (Foto: Reprodução)

A arquiteta e professora universitária Viviane Zerlotini da Silva, durante uma assessoria técnica para lideranças comunitárias em BH. Bruno Timóteo/Divulgação Seu bairro precisa de uma linha de ônibus, de asfalto na rua, da instalação de um quebra-molas ou de serviços de abastecimento de água e energia elétrica? A pedido da reportagem do g1, a arquiteta, professora universitária e assessora técnica de movimento popular Viviane Zerlotini da Silva elaborou um conteúdo com dicas para quem busca melhorias para o lugar onde mora. "Minha jornada começou na adolescência, quando morava em um conjunto habitacional na periferia de Belo Horizonte. Ali tive meu primeiro contato com o que chamamos de 'ativismo de bairro'. Eram iniciativas para se organizar em comunidade, solicitar e realizar melhorias para o bairro. Não podíamos esperar pela iniciativa do poder público", contou Viviane. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 MG no WhatsApp Segundo ela, abaixo-assinados, mutirões, festas e audiências são válidos quando partem da iniciativa da população local, a partir de articulações entre vizinhos que vivem o dia a dia do bairro. "Quando o interesse é coletivo evitam-se iniciativas de grupos que agem de má-fé e mobilizam essas mesmas ferramentas para explorar o bairro ou até mesmo privatizá-lo. Não é raro moradores de bairro de classe média se organizarem para impedir a construção de conjuntos habitacionais que abrigariam uma população de classe social mais baixa, em uma evidente postura preconceituosa e até mesmo racista", disse. Neste sábado (6), o Rolê nas Gerais conta histórias de moradores satisfeitos com os bairros onde vivem. São regiões com boa oferta de comércio e serviços, onde a maioria das pessoas não precisa ir ao centro da cidade para resolver assuntos pessoais ou até mesmo trabalhar. ✅Mande sua denúncia, reclamação ou sugestão para o g1 Minas e os telejornais da TV Globo O Rolê nas Gerais conta histórias de moradores que estão satisfeitos com os locais onde vivem. TV Globo/Reprodução Se você quer melhorias para seu bairro, é possível se organizar com os vizinhos. Mas é preciso que sejam causas de interesse coletivo, que beneficiem a vida de toda comunidade. Confira dicas: Fortaleça a interação entre os vizinhos Promova rodas de conversas, mutirões e festas (juninas, de rua) nas calçadas e vias públicas. A ocupação cotidiana do espaço e os laços de amizade são a base da mobilização. Crie e apoie centros comunitários ou culturais para fortalecer o sentido de pertencimento e a identidade dos moradores com o território. Utilize a assembleia de moradores como ferramenta de poder: Realize assembleias para o debate aberto das questões do bairro, onde seja possível revelar discordâncias, negociar e deliberar sobre as ações a serem realizadas. Garanta que a iniciativa parta da população local e não de grupos externos ou com interesses particulares. Negociação e participação política Forme comissões para agendar reuniões com a gestores públicos (vereadores, deputados) e participar de audiências públicas. Os moradores atuantes fazem manifestações e integram mesas de negociações. Utilize abaixo-assinados para formalizar demandas e demonstrar a força da mobilização. Busque assessoria técnica externa Em casos complexos ou de grande impacto urbano, solicite assessoria técnica de universidades ou outras instituições públicas para elaborar documentos e relatórios. Isso fortalece e evidencia argumentos nos processos de negociação com o poder público. O filtro contra o interesse particular O ativismo legítimo é público e coletivo: abaixo-assinados, mutirões e audiências só fazem sentido quando visam melhorias que beneficiem a vida de todos os vizinhos no espaço urbano, como transporte público ou segurança. Rejeite o lobby e a segregação: grupos que usam essas mesmas ferramentas para defender interesses próprios, explorar ou privatizar o bairro (como impedir moradias populares ou fechar ruas). O ativismo deve promover o direito à cidade, não negá-lo. Mantenha o protagonismo comunitário Ao buscar o apoio de prefeitos e vereadores, faça valer a representatividade do político eleito pela comunidade, mas seja cuidadoso em não permitir que a reivindicação seja usada para campanha política. Garanta que a comunidade enxergue a figura política, o vereador, por exemplo, como um facilitador de acesso, e não como condutor do processo. Ele está a serviço da população. "Por fim, aproveite a mobilização dos vizinhos para compartilhar estratégias de ação e formar novas lideranças no seu bairro", concluiu Viviane. Vídeos mais vistos do g1 Minas:

Fale Conosco