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Mortes tratadas como naturais viram caso de polícia após investigação revelar trama contra americano e seu companheiro em MG

Casal homoafetivo pode ter sido envenenado em Governador Valadares A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu, nesta terça-feira (4), um homem de 35 anos e uma m...

Mortes tratadas como naturais viram caso de polícia após investigação revelar trama contra americano e seu companheiro em MG
Mortes tratadas como naturais viram caso de polícia após investigação revelar trama contra americano e seu companheiro em MG (Foto: Reprodução)

Casal homoafetivo pode ter sido envenenado em Governador Valadares A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu, nesta terça-feira (4), um homem de 35 anos e uma mulher de 52, suspeitos de planejar o assassinato de um casal homoafetivo em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. As vítimas são Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e Thomas Stephen Lydon, de 65, natural de Boston, nos Estados Unidos. Segundo as investigações, os suspeitos — uma irmã de Everaldo e um amigo do casal — teriam envenenado as vítimas com fenobarbital, um sedativo de uso controlado, para se apropriar do patrimônio e do dinheiro que somavam mais de R$ 1,3 milhão. O caso foi classificado pela Polícia Civil como “extremamente grave e chocante”. Em coletiva de imprensa, o delegado regional Luciano Cunha afirmou que o crime “pareceu coisa de filme, de novela”. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 Vales no WhatsApp Interesse financeiro A investigação apontou movimentações financeiras superiores a R$ 1,3 milhão relacionadas aos investigados após as mortes. Entre elas estão o resgate de uma aplicação no valor de R$ 379,2 mil em nome de uma das vítimas e a venda do imóvel do casal, registrada por cerca de R$ 950 mil. Para resguardar os interesses dos herdeiros, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,5 milhão em ativos financeiros e a restrição de veículos registrados em nome dos investigados. De acordo com o inquérito, o crime teve motivação patrimonial. Thomas era aposentado nos Estados Unidos e os valores da pensão eram transferidos para a conta de Everaldo. Entre os documentos apreendidos pela polícia estavam: Um certificado de apólice de seguro que colocava a irmã de Everaldo como beneficiária vitalícia; Uma procuração concedendo amplos poderes a um dos suspeitos — documento que chegou a ser usado para restringir o acesso da família ao prontuário médico da vítima; Registros de tentativa de transferência da casa do casal para o nome de uma terceira pessoa, o que indicava intenção de ocultar o patrimônio. Suspeita da família e início da investigação Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e Thomas Stephen Lydon, de 65, foram mortos em junho Redes sociais As mortes foram registradas em junho deste ano. Thomas morreu no dia 20, e Everaldo seis dias depois, em 26 de junho. Na época, os óbitos foram tratados como naturais. A reviravolta na apuração começou em julho, quando familiares de Everaldo procuraram a Polícia Civil desconfiando das circunstâncias das mortes. Eles estranharam a rapidez no enterro de Thomas e o fato de Everaldo ter sido internado sem que os parentes fossem comunicados. Segundo a polícia, os suspeitos presos eram pessoas próximas das vítimas. A mulher era irmã de Everaldo, e o homem, amigo de Thomas. Ambos prestavam assistência ao casal e tinham livre acesso à casa onde eles moravam, no bairro Santa Rita. Durante a investigação, a polícia descobriu que a morte de Thomas foi registrada como consequência de um câncer de pele, com base em um documento de biópsia falso apresentado pela irmã de Everaldo ao médico que assinou o atestado. Por isso, o corpo não foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML). Já Everaldo morreu após ser internado com diagnóstico de coma alcoólico. “Foi um caso extremamente grave, com pessoas próximas, mas com intenções escusas, criminosas, que acabaram ceifando a vida de duas pessoas", afirmou o delegado Ciro Roldão Provas de envenenamento e fraude Corpos foram exumados para a investigação Polícia Civil Com o avanço das apurações, a Polícia Civil pediu a exumação dos corpos. De acordo com o delegado Luciano Cunha, o exame toxicológico confirmou a presença de fenobarbital no fígado de Everaldo, comprovando o envenenamento. O resultado do exame no corpo de Thomas ainda é aguardado. "Fenobarbital é um medicamento usado para tratar epilepsia. Essa substância, em alta dose, trava o sistema nervoso central e leva à morte", afirmou o delegado. De acordo com o delegado, a mulher investigada comprou uma quantidade incomum do medicamento no dia 9 de junho, poucos dias antes da primeira morte. As farmácias de Governador Valadares foram oficiadas e enviaram comprovantes da compra à polícia. Durante a busca e apreensão na casa dos suspeitos, foram encontrados receituários do SUS em branco e carimbos de médicos e psicólogos. A receita usada para adquirir o fenobarbital apresentava forte semelhança com a letra do homem investigado, segundo a perícia. A médica cujo carimbo foi utilizado no documento compareceu à delegacia e negou ser dela a assinatura que constava na receita. Outras suspeitas sobre o homem preso Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que o homem de 35 anos, que se apresentava como professor, mantinha um patrimônio incompatível com a renda e já era alvo de outros inquéritos. Entre os fatos apurados: Ele apresentou um laudo supostamente falso de autismo para tentar obter isenção do pagamentdo do IPVA; Era investigado pelo desaparecimento de uma prima, em agosto de 2023, que havia sido barriga de aluguel para ele e o companheiro; E também por uma possível ligação com a morte da própria mãe, ocorrida em novembro de 2024, nove dias após ela ter assinado uma procuração concedendo amplos poderes à ele. A prisão preventiva dos suspeitos foi decretada após a polícia levantar todos os indícios dos crimes e identificar que a advogada do investigado estaria orientando testemunhas a mentir, informando suspostos casos amorosos com uma das vítimas à polícia, com a intenção de justificar movimentações financeiras. Uma medida cautelar foi deferida na Justiça contra a defensora. De acordo com o delegado, a investigação revelou a frieza dos investigados em relação às mortes. Enquanto o homem de 35 anos tinha em mãos uma procuração com amplos poderes para responder por Everaldo, a irmã dele foi colocada com beneficiária vitalícia do seguro de vida dele um mês antes do falecimento. “Um dos suspeitos chegou a debochar das irmãs das vítimas durante o velório. Foi possível perceber que se trata de uma pessoa extremamente fria, possivelmente até um psicopata”, afirmou. Segundo a polícia, os dois deverão responder por homicídio duplamente qualificado, além de falsificação e uso de documentos falsos. O advogado da família, Thiago de Castro, afirmou que os parentes das vítimas esperam uma punição exemplar aos indiciados. O g1 tentou contato com a defesa dos denunciados, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. VEJA TAMBÉM: Polícia descarta ação criminosa na morte de taxista que estava desaparecido em MG ‘Matei mesmo, cansei de apanhar’, diz mulher após matar o companheiro na zona rural de Coroaci Dez são presos em operação para desarticular grupo ligado ao Comando Vermelho em MG e BA Vídeos do Leste e Nordeste de Minas Gerais Veja outras notícias da região em g1 Vales de Minas Gerais.

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